A história do Colégio Nossa Senhora do Amparo começa com a visão e a coragem de duas figuras inspiradoras: Padre João Francisco de Siqueira Andrade e sua sobrinha, Irmã Francisca Pia. Unidos pelo amor à educação e pela fé, dedicaram suas vidas à formação de crianças e jovens, especialmente os mais necessitados. Seus ideais seguem vivos até hoje, orientando cada passo da nossa missão educadora.
Padre João Francisco de Siqueira Andrade
Nascido em Jacareí (SP), em 15 de julho de 1837, Padre João Francisco de Siqueira Andrade teve sua formação no Seminário Diocesano de São Paulo. Ainda jovem, já demonstrava inquietação com a realidade social brasileira, especialmente com a falta de acesso à educação por parte da população mais pobre. Ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1864, na Província de São Pedro, no Rio Grande do Sul, por Dom Sebastião Dias Laranjeiras, Padre Siqueira carregava consigo um ideal firme: educar a juventude brasileira.
Ele próprio dizia:
“Como estudante, a minha grande preocupação era a educação da juventude brasileira. Decidi que depois de ordenado, fundaria uma Casa para educar meninos pobres.”![]()
Acreditava que o futuro do país e da fé estava diretamente ligado à qualidade da educação oferecida ao povo.
Voluntário na Guerra do Paraguai, retorna do conflito doente, e em busca de recuperação para a tuberculose, segue para Petrópolis. É ali que seu olhar se volta à dura realidade de tantas meninas órfãs, à negligência com a educação feminina e aos sinais de transformação que se anunciavam com o fim da escravidão. Com sensibilidade e coragem, Padre Siqueira entende que aquele era o chamado de Deus para iniciar sua missão educativa.
Convencido de que sua obra era divina, escreve um projeto de educação e o apresenta ao Imperador Dom Pedro II em 1868. Dois meses depois, recebe aprovação do monarca, que, embora elogiasse a iniciativa como "boa e humanitária", reconhecia a dificuldade do empreendimento.
Nada disso desanimou o sacerdote. Durante anos, peregrinou a cavalo pelas fazendas e cidades do interior do Rio de Janeiro, Minas e São Paulo, enfrentando intempéries, críticas e dificuldades. Sua disposição era inabalável:
"Caminharei de rua em rua, de casa em casa, até percorrer a cidade toda... com ânimo, disposto a aceitar, em nome de Deus, qualquer escola que me queira dar.” (Jornal Mercantil, 1875)![]()
Sua dedicação à infância desamparada, à Igreja e à Pátria era total. Ele mesmo declarou:
“Há muito tempo, não vivo mais para mim, e todos os sacrifícios por que possa ainda passar estão de antemão oferecidos a Deus no altar da caridade.”![]()
Irmã Francisca Pia
Francisca Narcisa de Siqueira, nascida em 21 de outubro de 1856, também em Jacareí (SP), era sobrinha do Padre Siqueira. Criada com esmero pelo pai, tenente Narciso Antunes de Siqueira, foi enviada ao Colégio da Providência, no Rio de Janeiro, onde concluiu sua formação como professora.
Aos 20 anos, atendendo ao chamado de seu tio e contrariando a vontade do pai, Francisca seguiu para Petrópolis em 29 de setembro de 1877, festa de São Miguel. Sua missão estava apenas começando.
Durante mais de cinco décadas dedicou-se ao Amparo, deixando uma marca de amor e educação na vida de inúmeras crianças. Atuou como professora de religião, português, francês, música, artes e trabalhos manuais. Em 1885, foi nomeada diretora da Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo, e foi carinhosamente chamada pelas alunas de “Mamãezinha” – nome que refletia não apenas afeto, mas a doação plena de sua vida à causa educativa.
Conviveu com o tio apenas por três anos e quatro meses, tempo suficiente para absorver profundamente seus valores, sua fé e seu ideal. Francisca Pia transformou a missão do Amparo em sua própria missão, sendo espelho da misericórdia de Deus e exemplo vivo dos gestos de Maria.



